Empresas buscam lucro no Paraguai e aumentam alerta sobre desindustrialização no Brasil
A busca por custos de produção mais competitivos tem levado um número crescente de empresas brasileiras a cruzar a fronteira e investir no Paraguai. A diferença de custos é significativa: produzir no país vizinho pode ser até 28% mais barato do que no Brasil.
Incentivos Fiscais Paraguaios Atraem Investimentos Brasileiros
Um dos principais atrativos do Paraguai são os incentivos fiscais. Em 2000, o país regulamentou a Lei de Maquila, que oferece isenção de impostos para empresas estrangeiras que produzem no país com foco na exportação. A iniciativa prevê um tributo de apenas 1% sobre a fatura de exportação, além de outros benefícios como a suspensão de impostos e taxas alfandegárias e isenção de impostos sobre as remessas feitas ao exterior.
A iniciativa tem atraído muitas companhias brasileiras. Dados do Ministério da Indústria e Comércio do Paraguai revelam que, das 332 indústrias com programa de maquila em vigor em 2024, 223 são brasileiras, representando 69% do total.
Vantagens Competitivas do Paraguai
Além dos impostos mais baixos, o Paraguai oferece outras vantagens competitivas, como energia elétrica mais barata e mão de obra disponível em quantidade. Este ambiente de negócios mais amigável contrasta com o Brasil, um país de custos elevados e onde as importações chinesas ganham cada vez mais espaço.
Impacto no Brasil e Alerta da Indústria Têxtil
As empresas brasileiras que estão se instalando no Paraguai visam exportar seus produtos de volta para o Brasil, onde se torna mais barato importar do que produzir localmente. A redução das importações de vestuário da China pelos EUA pode levar a um aumento da pressão chinesa sobre o mercado brasileiro. Dados da Abit indicam que o Brasil exporta o quilo de produto manufaturado por US$ 20, enquanto a China exporta por US$ 11 ou US$ 13 o quilo.
O presidente do Sinditêxtil-SP, Julio Scudeler, deplora a situação: “É lamentável que empresas brasileiras tenham que investir em outros países, gerando empregos para pessoas de outra nacionalidade, porque só assim conseguirão se manter competitivas. Até quando o Brasil continuará a se desindustrializar?”
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