Visita ao Porto de Santos revela os desafios para o Brasil
O Sinditêxtil -SP começou o ano com uma visita técnica ao maior porto da América Latina, no dia 10 de janeiro, levando 26 executivos para conhecerem as operações e logística do Porto de Santos. A visita foi organizada pelo Sindicato juntamente com o Grupo MSC (Shipping, MSC Cruzeiros) e Brasil Terminais Portuários (BTP), o maior terminal de contêineres do País.
A visita começou às 8h da manhã nas instalações da BTP, depois o grupo do Sinditêxtil-SP foi conhecer o canal de navegação por lancha e, por fim, almoçar no Splendida, navio de Cruzeiros que incluiu um ship tour com os executivos. O vice-presidente do Sindicato representou a instituição e fez a apresentação do setor têxtil nacional que movimentou 2 milhões de toneladas entre exportações e importações, sendo 96% por via marítima.
O maior armador do mundo: Grupo MSC
A MSC resumiu os dados do Grupo que é o maior armador do mundo com 850 navios, 5 aeronaves, 300 rotas comerciais, 520 portos nas escalas na Divisão de Cargas da MSC. Além disso, o Grupo MSC possui participação em 70 terminais marítimos, incluindo a BTP/Santos, a Multi Rio/RJ e Portonave/Navegantes-SC. Ao todo, os navios de carga da MSC transportam globalmente a média anual de 24,5 milhões de TEUS ( Twenty-foot Equivalente Unit – contêiner com 20 pés de comprimento, 8 pés de largura e 8 pés de altura), estando presente em 155 países com 675 escritórios. Já na Divisão de Cruzeiros, somando as duas marcas (MSC e Explora Journeys) a empresa possuirá 31 navios até 2028. Hoje, transportam 4,1 milhões de passageiros chegando a 185 nacionalidades a bordo com 340 itinerários ofertados mundialmente. O Grupo MSC conta com 200 mil colaboradores embarcados e em terra.
A MSC Shipping é especialista no transporte de cargas automotivas, de agricultura, minérios, papel e celulose, químicos e fármacos, alimentos e bebidas, plásticos e borracha e varejo de toda sorte, como vestuários e produtos têxteis.
No Brasil, a empresa se instalou em 1997 e hoje já são 16 escritórios abrigando 1.900 colaboradores. Mais de 60 navios são operados pela MSC na costa brasileira, em 16 portos, navegando de sul a norte da costa.
O Grupo também atende parte terrestre (MEDLOG) e ferroviária (MEDWAY) em mais de 80 países pelo mundo, com 10 mil colaboradores somente nessas operações.
BTP – investindo para vencer a necessidade de mais volumes
Um terminal marítimo não se resume à concessão para receber navios, mas principalmente ao investimento em tecnologia de defensas (tecnologia de atracamento), STS (áreas operacionais), RTGs (enormes guindastes pórticos móveis automatizados), áreas de Reefer (para contêineres climatizados), capacidade das pilhas de armazenagem de contêineres (altura), automação dos gates onde entram e saem os caminhões. A BTP é o maior terminar de contêineres do Brasil e irá investir mais R$ 2 bilhões até 2026 para aumentar ainda mais sua capacidade de recebimento e embarque. A velocidade de descarregamento e carregamento é crucial para os armadores, já que um navio tipo 340 chega a pagar 50 mil dólares a diária no terminal.
Desafios para o transporte marítimo no Brasil
As dificuldades do Brasil no setor portuário são históricos, mas, apesar da grandiosidade do terminal da BTP e todos os bilhões de investimentos já feitos e ainda projetados, o País ainda está muito atrás em infraestrutura se comparado a outros portos das Américas, como Los Angeles, Nova York/New Jersey e nem vale a pena comparar com os grandes do mundo como Cingapura, Xangai, Hong Kong, Roterdã, Dubai, Antuérpia, Taiwan, dentre outros ( a China possui 8 dos 20 maiores portos do mundo. O Porto de Santos é o 46º maior).
Uma das maiores dificuldades é a ampliação do Terminal que fica anos aguardando aprovação dos organismos ambientais, por falta de mão de obra daquele órgão. Outra situação que impacta todos os envolvidos é a profundidade do canal. O calado do canal de navegação de Santos (14,5 metros de profundidade) é considerado insuficiente para receber navios tipo 366 com carga completa, que requerem maior profundidade. “Os navios 366 até entram, quando vêm leves, porém o Brasil exporta muita carga de agricultura, que é pesada. Aí esses navios não saem (seria necessário cerca de 17 a 18m de profundidade). Por isso, para um armador não compensa enviar para o Brasil esses navios grandes, e voltar com o navio sem carga completa. Dois outros portos no Brasil até têm o calado mais profundo, mas não têm volume de carga como Santos. Então, também não compensa. O Brasil está atrasado em relação a outros portos” explicou o Manager Operations Regional da MSC Renan Brasil, durante passeio de lancha no canal com os executivos do setor têxtil. Segundo matéria da DatamarNews, a Autoridade Portuária (Santos Port Authority – SPA), gestora do Porto de Santos, explica que o aprofundamento do canal acontecerá em duas etapas: 16 metros e outra para 17 metros. Porém, a licença ambiental não foi aprovada ainda para a primeira etapa e não há estimativa.
O site da SPA informa nas estatísticas até novembro de 2024, que a movimentação acumulada do ano de contêineres chegou à marca de 5 milhões de TEU que é 15,2% maior que 2023, através de 5.109 atracações, excluindo-se navios de passageiros e marinha, foram 4.133 navios de longo curso e 826 de cabotagem. Segundo o World Shipping Council, um navio 366 carrega 14 mil TEU. O porto de Los Angeles recebe cerca de 10 milhões de TEU na média anual e Xangai 50 milhões de TEU.
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