Vendas reais da indústria paulista retraem em fevereiro
As vendas reais da indústria de transformação paulista retraíram 0,9% no mês de fevereiro na comparação com janeiro, conforme aponta o Levantamento de Conjuntura da Fiesp/Ciesp. As vendas do setor estão 4,2% inferiores ao período pré-pandemia (fevereiro/2020). Outro componente que apresentou resultado negativo no mês foi os salários reais médios com variação de -1,0% sobre o mês anterior. Já o NUCI (+0,4 p.p.) e as horas trabalhadas na produção (+0,3%) apresentaram variações positivas no mês. Todos os dados estão com tratamento sazonal.
No acumulado do ano (1º bimestre) em comparação com o mesmo período do ano de 2021, as vendas reais da indústria paulista têm queda de 11,3%, resultado semelhante ao ocorrido no ano de 2017 quando a variação acumulada foi de -11,2%. As horas trabalhadas na produção (-2,1%) e os salários reais médios (-1,1%) também recuaram no 1º bimestre de 2022 em relação ao 1º bimestre de 2021. Já o NUCI encerrou o mês de fevereiro aos 78,3%, 0,7 p.p. superior que a média para o mês, de 77,6%.
Para os próximos meses, a atividade industrial paulista não deverá apresentar forte recuperação. Estímulos fiscais como a antecipação do pagamento do 13º salário para aposentados e pensionistas e o saque do FGTS no valor de R$ 1.000 são elementos favoráveis para a retomada da indústria. Entretanto, além do forte aperto monetário implementado pelo Banco Central, elevando a taxa Selic para 11,75% a.a. (expectativa do mercado, segundo o relatório Focus, é que chegue a 13,00% a.a. ao final de 2022), a guerra na Ucrânia adiciona pressão adicional sobre os custos de produção, além de postergar a normalização das cadeias globais de insumos. Esses dois fatores colocam expectativas negativas para o dinamismo indústria neste ano. Para o mês de março, o indicador Sensor aponta para queda da atividade industrial paulista.
Para o ano de 2022, a projeção da FIESP para a produção industrial brasileira é de uma queda de 1,5%. Caso essa expectativa se confirme, será a sexta redução da produção industrial num intervalo de dez anos.
Sensor – O Sensor do mês de março encerrou em 48,5 pontos, na série com ajuste sazonal, resultado inferior ao mês de fevereiro quando marcou 50,2 pontos. Leituras abaixo de 50,0 pontos indicam retração da atividade industrial paulista no mês.
Em março, o indicador de Mercado (setor de atuação) recuou 0,4 ponto em relação ao último resultado divulgado, passando de 47,5 pontos para 47,1 pontos, nos dados com ajuste sazonal. Valores abaixo dos 50,0 pontos indicam piora das condições de mercado.
O componente de Vendas se estabilizou em 50,5 pontos no mês de março, dado com tratamento sazonal. Por permanecer moderadamente acima dos 50,0 pontos há indícios de leve aumento das vendas no mês.
Os Estoques das indústrias paulistas estão próximo do planejado no terceiro mês do ano, ao marcar 49,7 pontos ante 46,4 pontos na leitura do mês de fevereiro, dados sem efeitos sazonais. Leituras superiores a 50,0 pontos indicam estoque abaixo do desejável, ao passo que inferiores a 50,0 pontos indicam sobrestoque.
O índice de Emprego ficou em 48,3 pontos, queda de 2,4 pontos em relação a leitura anterior quando marcou 50,8 pontos. Resultados abaixo dos 50,0 pontos indicam expectativa de demissões da indústria paulista no mês.
Por fim, o indicador de Investimentos foi o principal fator a contribuir para a piora do indicador geral, com redução de 2,9 pontos, ao passar de 51,5 pontos em fevereiro para 48,6 pontos no mês de março, dado dessazonalizado. Por estar abaixo dos 50,0 pontos, há a expectativa de queda dos investimentos por parte das indústrias paulistas no mês.
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