Transição energética no Brasil: é possível ir além
O presidente emérito do Sinditêxtil-SP e presidente do CIESP, Rafael Cervone, concluiu as atividades do seminário virtual Eficiência e Transição Energética no setor têxtil nacional, realizado pelo Sinditêxtil-SP, no dia 23 de agosto. A partir do que foi exposto pelos painelistas do evento, ele afirmou que o Brasil tem inúmeras capacidades de explorar os recursos energéticos renováveis. “Diversas tecnologias foram apresentadas aqui hoje, vimos que temos muito o que mostrar e recuperar nossa imagem lá fora. Podemos alçar o País como referência no quesito da sustentabilidade. É uma questão de tempo”, frisou.
Mudanças climáticas, economia verde, gás natural e biomassa foram alguns dos pontos destacados pelos especialistas e que, segundo ele, podem contribuir para alavancar a indústria têxtil brasileira.
Confira, a seguir, alguns destaques pontuados por Rafael Cervone:
Mudanças Climáticas e Economia Verde
- No Brasil, segundo o Balanço Energético Nacional de 2022, em 2021, 44,7% da matriz energética foi de origem renovável. Mais de três vezes a média mundial. Na geração elétrica, a participação de renováveis na matriz alcança 78%, contra 27% da média mundial. É preciso garantir o reconhecimento da sustentabilidade da matriz energética como um diferencial competitivo da indústria nacional. Cada item fabricado nas indústrias carrega um percentual de energia utilizado para produzi-lo. Assim, quanto maior o nível de fontes renováveis na matriz energética de um país, mais sustentável será sua indústria.
- O Brasil foi pioneiro na utilização em massa de biocombustíveis e o etanol surgiu como alternativa energética para o País. O biodiesel hoje responde por 10% da mistura com o diesel fóssil.
- O Hidrogênio Verde é uma promessa para a descarbonização de diversos países, pois a sua combustão ou uso em células combustível gera como resíduo apenas vapor d’água.
Energia Elétrica
- O Brasil tem extraordinário potencial de oferta de energia limpa, renovável e de baixo custo, a partir da combinação competitiva de seus inúmeros recursos hidrelétricos, eólicos, solares, de biomassa e a partir da utilização do gás natural. Esse potencial pode ser importante vantagem competitiva em um cenário que favorece a agenda climática e de descarbonização.
- Há tempos o atual modelo do setor elétrico dá sinais de esgotamento e obsolescência. O primeiro movimento para a modernização do setor elétrico foi a Consulta Pública MME nº 33/2017, que contou com ampla participação dos agentes.
- Apesar de absolutamente justificáveis do ponto de vista social e ambiental, alguns encargos setoriais são políticas públicas de Estado, que estão equivocadamente alocados na tarifa de energia elétrica. Essa transferência de responsabilidade não é eficiente, prejudica as famílias e, sobretudo, a competitividade do setor industrial.
- Promover a eficiência energética é uma das formas mais eficazes de evitar novos custos com expansão da geração e transmissão e em reforços da rede, é investir na eficiência pelo lado do consumo.
Gás Natural
- O Gás Natural tem grande importância para a indústria, por suportar projetos de transição energética e permitir uma matriz elétrica de menor custo e mais segura ao firmar fontes variáveis. O Brasil pode ter um mercado dinâmico e diverso de gás natural, com concorrência e diversidade de fontes, a partir da grande oferta do pré-sal, somada à produção em terra e à importação por navios e dutos, além do uso do potencial do biogás.
- O aumento do volume de gás ofertado e do número de ofertantes é fundamental para termos preços mais competitivos. Para isso, será necessário avançar na efetiva aplicação da regulamentação para a criação de um ambiente propício para a entrada de novos agentes produtores e comercializadores, viabilizando, finalmente, o mercado livre de gás no Brasil.
- O gás natural é considerado um combustível de transição, pois polui menos do que outros combustíveis fósseis. Nesse sentido, o Brasil perde, em riqueza e em oportunidade de redução de gases de efeito estufa, ao utilizar o gás natural na reinjeção dos poços do pré-sal.
Encerramento – Logo após as considerações de Rafael Cervone, o presidente do Sinditêxtil-SP, Luiz Arthur Pacheco, fez o encerramento do evento que reuniu especialistas e profissionais do setor têxtil do Brasil e do exterior. “Inicialmente, gostaria de agradecer a todos: palestrantes, patrocinadores, moderadores e equipe de colaboradores. Graças a vocês foi possível realizar esse seminário que integra a programação das comemorações dos 90 anos do Sinditêxtil-SP. Nosso objetivo maior foi gerar provocações ao debate, a assuntos relacionados à energia limpa, que é o tema que norteia nossas atividades comemorativas”, disse. “Estou certo de que foi um dia produtivo, repleto de apresentações que nos mostraram potencialidades, desafios e oportunidades em transição energética. Ainda temos muito o que explorar na agenda ESG e certamente realizaremos novos debates”, salientou Pacheco.
O Seminário de Eficiência e Transição Energética faz parte das atividades comemorativas dos 90 anos do Sinditêxtil-SP que irá até março/2023, contando com o patrocínio da Alpargatas, Jolitex, Abit, Adatex, Canatiba, Castanhal, Saltorelli, Santa Constancia, Santista, Abrafas, Alpina, Embrasa, Bonfio, Golden Technology, Hondatar, Rhodia – Grupo Solvay, Rosset.
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