Sustentabilidade consolida importância

Realizado com uma amostra de 7.000 pessoas em cinco países – França, Reino Unido, Itália, Alemanha e EUA –, o estudo realizado pela Première Vision e o Institut Français de la Mode (IFM) procurou entender os padrões de consumo, as expectativas e também o nível de consciência dos consumidores em relação à sustentabilidade ambiental na indústria da moda.

Liderado por Gildas Minvielle, diretor do Observatório Económico do IFM, o trabalho ilustra sobretudo a solidez de um mercado que não pode ser ignorado, destaca a Première Vision.

Prova disso é que, de acordo com os dados dos inquéritos, as compras de vestuário pautado pela sustentabilidade ambiental representam agora um terço do orçamento dos consumidores, sendo que dois em cada três declararam ter comprado pelo menos um artigo de moda com esse tipo de preocupação no ano anterior. E 90,5 % dos inquiridos pretendem mudar a forma como compram roupa num futuro próximo.

Preço ainda domina – O movimento não alterou a tríade bem estabelecida de critérios para a escolha de uma peça de vestuário: preço, conforto e qualidade. Em 2022, o preço está em primeiro lugar, logo à frente da qualidade para os europeus e do conforto para os americanos.

Nos próximos meses, parece evidente que o principal entrave será o preço. «Com o regresso da inflação e os orçamentos das famílias cada vez mais apertados (com a subida dos preços dos combustíveis e dos alimentos), a decisão de comprar roupa pode tornar-se mais complexa», afirma Gildas Minvielle. Isso é verdade independentemente de o vestuário primar ou não pela sustentabilidade ambiental.

Em três dos cinco países, nomeadamente na Alemanha, no Reino Unido e em Itália, os materiais utilizados são vistos como a principal alavanca para uma indústria da moda mais responsável. As matérias-primas surgem, assim, como uma consideração fundamental para os consumidores, que notam outra dimensão que ganhou força nos últimos meses: o local de produção, o conhecido “made in”. Em dois dos países analisados, uma peça de roupa ecologicamente responsável é, antes de tudo, uma peça produzida localmente, segundo 33,4% dos franceses e 42,6% dos americanos.

Em relação às marcas que os consumidores acreditam ter provas dadas ao nível da sustentabilidade ambiental, as respostas nos cinco países inquiridos são muito homogéneas. Multinacionais conhecidas – em particular, de equipamentos de desporto e cadeias de fast fashion – estão entre as 5 principais marcas referidas como ecologicamente responsáveis. Além de algumas marcas nacionais, o grande público cita espontaneamente os nomes maiores.

«A prioridade dada ao desenvolvimento sustentável na sua comunicação ao longo dos últimos anos parece ter sido frutífera», reconhece o responsável pelo Observatório Económico do IFM.

O domínio dos materiais – A relação dos consumidores com diversos materiais resulta de uma constante luta de poder entre conhecimento e perceção. De um lado estão os materiais sintéticos: o discurso é repetido há muito tempo e, portanto, o público está bem informado. Entre os materiais citados como nocivos ao meio ambiente, o poliéster, o acrílico e a poliamida surgem nos primeiros lugares. Outros materiais, como o algodão, apesar da agricultura intensiva que implica, continuam a transmitir uma forte carga simbólica ligada à infância e à suavidade.

Entre as outras matérias-primas, o linho e a lã são os preferidos, alternadamente classificados nas primeiras posições nos cinco países estudados, à frente da seda por uma pequena margem.

Por último, no que concerne os novos materiais orgânicos, reciclados ou à base de plantas, o estudo Première Vision x IFM mostra que apenas especialistas conhecem estas matérias-primas e que é particularmente urgente apresentá-las ao público em geral, que anseia por este tipo de inovação. Por exemplo, apenas 5,2% dos inquiridos franceses e 3,7% dos alemães conhecem materiais derivados de resíduos agrícolas.

Ainda mais impressionante para materiais tão promissores, os biopolímeros são conhecidos por muito poucas pessoas nos cinco países analisados.

Com informações do Portugal Têxtil

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